Trump não foi eleito para ser gerente do mundo, diz Lula em aniversário do PT
Lula também criticou a postura dos EUA em relação à América Latina e relembrou discursos históricos da política norte-americana
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, neste sábado (22), declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possível anexação da Groenlândia e do Canadá. Durante evento de comemoração dos 45 anos do PT, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que Trump não foi eleito para comandar o mundo.
“Esse cidadão [Trump] não foi eleito para ser gerente do mundo, ele foi eleito para governar os Estados Unidos, e que governe bem. Quem vai governar o Brasil somos nós, do jeito que a gente quer”, disse Lula.
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O presidente também criticou a postura dos EUA em relação à América Latina e relembrou discursos históricos da política norte-americana.
“Hoje, o que eles dizem é totalmente diferente do que falavam nos anos 1980. Agora, a América é para os americanos, o Canal do Panamá é deles, o Canadá virou um estado, a Groenlândia também. O México não tem mais o Golfo, porque o Golfo é americano”, afirmou.
A participação de Lula no evento ocorreu em meio a um cenário de alta no preço dos alimentos, queda na popularidade do governo e pressões políticas por uma reforma ministerial. As celebrações do aniversário do PT começaram na sexta-feira (21) e incluíram palestras, exposições e atividades culturais.
Queda na popularidade
Em relação aos levantamentos que apontam crescimento na desaprovação do governo, Lula afirmou, também na quarta, nunca ter “levado a sério” os dados. Na semana passada, a pesquisa Datafolha apontou que 41% dos eleitores reprovam o presidente, o maior número já registrado pelo levantamento considerando os três mandatos dele como presidente. O petista tem, ainda, a pior aprovação dos três governos, com 24%.
“Eu nunca levei definitivamente a sério qualquer pesquisa feita em qualquer momento. Uma pesquisa serve para estudar, saber se tem que mudar de comportamento, mudar de ação, é isso que eu faço. A única coisa que posso dizer é que tenho mandato até 2026 e quero entregar o país que prometi durante a campanha eleitoral e vou entregar esse país talvez melhor do que prometi”, rebateu.
Fala polêmica
No início do mês, Lula chegou a sugerir que as pessoas deixem de comprar os alimentos que estão caros como forma de forçar a redução dos preços dos produtos. Lula argumentou, ainda, que não é porque a massa salarial e o salário mínimo cresceram que os vendedores podem encarecer os produtos
“Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai no supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Ora, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, declarou.
Para o presidente, deixar de comprar produtos caros faz parte da “sabedoria do ser humano”. O petista também afirmou que os brasileiros não podem ser “extorquidos”.