Minuta do golpe e bate-boca: veja vídeos com os principais pontos do depoimento de Torres à CPMI
Ex-ministro da Justiça admitiu nesta terça que houve falha no plano de segurança e afirmou que a 'minuta do golpe' é uma 'aberração'
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Mesmo protegido por um habeas corpus que o autorizava a ficar em silêncio, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres preferiu responder às perguntas dos parlamentares durante o depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (8). A minuta do golpe e uma discussão entre parlamentares foram os destaques da sessão.
Torres era o responsável pelo esquema de segurança de Brasília e da Esplanada dos Ministérios no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. O ex-ministro chegou a ser preso, durante 117 dias, por supostamente ter se omitido durante os atos de vandalismo e conseguiu liberdade provisória em maio. Ele nega ter facilitado a violência da manifestação.
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"Falha grave"
Torres afirmou que "houve falha grave na execução do Protocolo de Ações Integradas (PAI)", o que acarretou as invasões. "Se o protocolo fosse seguido à risca, seríamos poupados dos lamentáveis atos do dia 8 de janeiro", disse.
Ainda segundo o ex-secretário, "até o dia 6 [de janeiro] à noite não teve qualquer informação oficial indicando que haveria ações radicais no dia 8. Mesmo assim, o PAI seria colocado em ação nos seus mínimos detalhes. Esta era a determinação".
Torres afirmou que em 6 de janeiro, dois dias antes das invasões, houve uma reunião da subsecretaria de ações integradas da Segurança do Distrito Federal com as forças de segurança do DF, do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, além de representantes do Ministério das Relações Exteriores e Polícia Rodoviária Federal.
A "minuta do golpe"
Anderson Torres disse que a minuta do golpe encontrada na residência dele era um texto “fantasioso”, “imprestável para qualquer fim” e uma “verdadeira aberração jurídica”.
Ele também comentou que o texto da minuta não foi descartado "por mero descuido" e disse não saber a quem pertencia a autoria do documento, bem como as circunstâncias em que foi produzido. O texto, segundo Torres, "vai para a coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos".
A minuta foi encontrada no apartamento de Torres durante busca e apreensão feita pela Polícia Federal, no escopo da investigação que apura suposta omissão na Segurança do DF durante os atos extremistas.
Confronto entre versões
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu a acareação entre Torres e o ex-diretor da Polícia Federal (PF) na Bahia Leandro Almada. O confronto entre as versões tem como ponto de partida a afirmação de Torres de que não houve nenhuma orientação à PF por parte dele nas operações durante o segundo turno das eleições de 2022.
A declaração do ex-ministro da Justiça diverge de um depoimento dado por Almada, que afirmou a investigadores ter havido um pedido de Torres para atuação conjunta entre a PF e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em blitze na Bahia.
A investigação apura a suspeita de bloqueios em cidades do Nordeste onde havia vantagem eleitoral do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma estratégia para cercear o direito de voto desses eleitores.
Troca de farpas e confusão entre parlamentares
Parlamentares também se envolveram em uma confusão durante o depoimento do ex-ministro da Justiça. Depois de um discurso inflamado do deputado Marco Feliciano (PL-SP), membros do colegiado questionaram um tapa que ele teria dado na bancada ao responder a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Depois disso, Eliziane Gama pediu respeito à colega e comentou que "essa mania de bater na mesa contra uma mulher" era muito feia. Ao se defender, Feliciano chamou os parlamentares de "turminha da esquerda" e "mimizentos". "A senadora pode colocar o dedo no meu nariz, e eu não posso falar nada?", completou.