Moraes repreende Cid e alerta sobre risco de perder benefícios da delação
Moraes destacou que a delação premiada não se limita apenas a responder perguntas, mas exige cooperação ativa
Brasília|Victoria Lacerda e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes fez duras críticas ao tenente-coronel Mauro Cid durante seu depoimento no âmbito da delação premiada. Os vídeos dos depoimentos de Cid foram divulgados nesta quinta-feira (20), por determinação do ministro, e mostram Moraes relembrando o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro sobre suas obrigações no acordo de colaboração com a Justiça.
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Moraes destacou que a delação premiada não se limita apenas a responder perguntas, mas exige cooperação ativa e a apresentação de informações verdadeiras e completas. O ministro também apontou contradições e omissões no relato de Cid e indicou que a Polícia Federal identificou mentiras em suas declarações. Veja o vídeo:
“A maior obrigação do delator é falar a verdade”, diz Moraes.
Durante a audiência, Alexandre de Moraes fez questão de ressaltar que o acordo de delação premiada não garante impunidade e exige compromisso com a verdade.
“Tem benefícios, mas também tem obrigações. E a maior delas é falar a verdade, não se omitir e não se contradizer. Não há na colaboração premiada essa ideia de que só respondo o que me perguntam. O colaborador deve trazer dados efetivos, porque há um requisito essencial para a concessão dos benefícios: a efetividade da colaboração”, afirmou Moraes.
O ministro ainda alertou que, se a delação não trouxer informações úteis para a investigação, os benefícios podem ser anulados.
“Se não houver efetividade da colaboração, se a colaboração não auxiliar em nada, não há por que conceder benefícios. A Justiça colaborativa e premial só funciona se houver cooperação real. O colaborador precisa trazer informações verídicas e relevantes”, completou.
Omissões e contradições
Naquela audiência, Moraes destacou que a nova fase da investigação trouxe novos documentos e perícias, incluindo celulares, mensagens, laudos técnicos e dados de computadores, que evidenciaram omissões e contradições no depoimento de Cid.
“Percebeu-se que há uma série de omissões e contradições. Com todo o respeito, eu diria que há uma série de mentiras na colaboração premiada”, afirmou o ministro.
De acordo com ele, a Polícia Federal enviou um relatório à Justiça alertando sobre as inconsistências no depoimento de Mauro Cid.