Secretaria de Saúde sugere retomada do uso de máscaras no DF
Pasta adjunta de Assistência à Saúde enviou ofício ao diretor do Iges-DF pedindo adoção de medidas para conter avanço da Covid
Brasília|Lucas Nanini e Kelly Almeira, do R7, em Brasília
A Secretaria Adjunta de Assistência à Saúde do Distrito Federal encaminhou um ofício ao diretor de Atenção à Saúde do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) solicitando uma série de medidas para conter um novo avanço da Covid-19 na capital. A pasta pede a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras nos espaços geridos pela instituição, recomenda a realização de campanhas sobre medidas sanitárias e quer também que as unidades façam mais testes para diagnóstico da doença e ampliem a vacinação.
O Iges-DF, juntamente com a Secretaria de Saúde, é responsável pela gestão do Hospital de Base, do Hospital Regional de Santa Maria e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do DF. O documento encaminhado nesta quinta-feira (2) é assinado pelo secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Pedro Costa Queiroz Zancanaro, e endereçado ao diretor de Atenção à Saúde do Iges-DF, Nestor Francisco Miranda Júnior.
“Esta câmara técnica sugere a retomada da obrigatoriedade do uso de máscaras faciais de gramatura adequada, cobrindo nariz e boca, em todos os ambientes fechados e ambientes públicos do DF nos quais haja aglomeração de pessoas. Sugerimos também campanhas publicitárias que orientem sobre a importância de ventilar os ambientes, evitar aglomerações, higienizar as mãos e completar o esquema vacinal contra a Covid-19 tão logo possível”, diz o comunicado.
No ofício, a pasta solicita que o Iges-DF agilize “a análise do sequenciamento genômico para idenficação e monitoramento de novas variantes”. Outro pedido é para que o instituto disponibilize 50 leitos Covid, sendo 30 leitos de enfermaria e 20 de UTI, e reative áreas para atendimento exclusivo de pacientes com a doença nos setores de emergência das unidades de saúde pública do DF.
Para justificar o pedido, o secretário informa que a matriz de risco no DF em 30 de maio último foi considerada “alta”, com "risco de transmissão da doença em valor calculado de 1,50”. De acordo com o documento, foram 2.604 casos novos e 8.222 casos ativos na data. O comunicado menciona aumento de atendimento nas unidades de saúde e na necessidade de internações.
Outros dados constantes no documento se referem ao aumento da lista de espera por leitos de UTI Covid e a taxa de ocupação de 100% nos leitos de enfermaria Covid, de acordo com o painel Infosaúde. No ofício consta que há seis pacientes na fila por leitos, cinco foram direcionados para isolamentos e há também um caso pediátrico aguardando leito e um paciente hematológico esperando por vaga. A pasta anuncia que não há vagas de isolamentos na rede pública e que a Secretaria de Saúde tem utilizado leitos de hospitais conveniados.
A pasta “ressalta o aumento da taxa de ocupação de leitos de UTI (56,98%), o aumento na taxa de ocupação de leitos de enfermaria para Covid-19 (110,71%) e o aumento na variação do número de casos de Covid-19 nos últimos 14 dias (192%), levando à classificação de risco para o Distrito Federal para risco alto”.
Posição do governo
Apesar do comunicado enviado pelo secretário-adjunto de Assistência à Saúde, o governo do DF informou que não há mudanças nas medidas sanitárias de combate à Covid. Perguntado pelo R7 sobre se as solicitações de Zancanaro serão seguidas em toda a rede pública do DF, o governador Ibaneis Rocha respondeu que qualquer alteração será estudada com cuidado. "Temos que avaliar o conjunto, infecção, internação e óbitos. Mas será avaliada com a responsabilidade que o caso merece", disse.
Nas redes sociais, o mandatário reforçou que é preciso avaliar a situação e que nada mudou até o momento. "Por enquanto a medida não é necessária", afirmou ao se referir ao uso obrigatório de máscara.
A Secretaria de Saúde publicou no Instagram uma nota dizendo que “não há qualquer recomendação institucional de alteração das medidas sanitárias”. “A pasta destaca que em seu quadro há inúmeros assessores e especialistas que traçam cenários considerando diversas possibilidades. Até o momento, não há alteração na indicação sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras, considerando o percentual de ocupação de leitos Covid-19”, publicou.
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Alta de casos positivos no DF
Um levantamento realizado pelo grupo Dasa de saúde integrada apontou que o Distrito Federal foi a unidade federativa com maior taxa de aumento no número de casos confirmados de Covid entre as que abrigam hospitais da rede no país. A empresa conta com 900 unidades em todo o Brasil.
No DF, a média semanal de resultados positivos passou de 30,19%, no período entre 18 e 24 de maio, para 43,2%, entre os dias 25 e 31 do mês passado. A elevação foi de 13 pontos percentuais.
Em todas as unidades da rede, o número de casos confirmados cresceu 35%. A média semanal, que era de 29,97% entre 18 e 24 de maio, passou para 35,54% na semana seguinte – alta de 6 pontos percentuais.
Durante o período, o Rio de Janeiro registrou alta de 8 pontos percentuais, chegando a 35,4%. São Paulo teve aumento de 4 pontos percentuais, e o Nordeste, uma elevação de 9 pontos percentuais, apontou a pesquisa.