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A história de Altinina e o seu café premiado na Zona da Mata, em Minas, me fez revisitar o passado

Neste mês da mulher, ela é um exemplo da mulher do agro

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

Altilina Lacerda, produtora do Café Forquilha do Rio Foto cedida : Altilina Lacerda

Vai um cafezinho bão aí, sô? Lembrei de algumas férias que passei em São João del Rei, no interior de Minas Gerais. Meu pai trabalhava para uma empresa de mineração, e desde então temos uma grande estima pelo estado.

Ir para lá era uma alegria só. Eu podia comer o melhor pão de queijo e brincar na fábrica. O motorista Silva nos levava para passeios na Maria-Fumaça da cidade e outros pontos turísticos. Década de 80. A cidade do presidente Tancredo Neves.

Juliana, minha irmã e eu, em São João Del Rei Foto : Arquivo pessoal

Quando li a história de Altilina Lacerda, eu literalmente voltei a 1986. Ela tem a minha idade e se define como mineira “da roça mesmo”.

Altilina é casada com Afonso, mãe de Amanda e Augusto, e a família está à frente do Sítio Forquilha do Rio, em Espera Feliz, na Zona da Mata mineira.


Altilina Lacerda, produtora do Café Forquilha do Rio Foto cedida: Altilina Lacerca

Estudou somente até a 4ª série, mas nunca deixou de querer aprender. Fez cursos de torra e de empreendedorismo para entender o próprio café e aprimorar seu negócio.

Eles sempre produziram café, mas foi com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) que começaram o cultivo especial do grão.


Passaram a fazer a colheita seletiva, que consiste na separação dos grãos maduros. O café chega, hoje, a incríveis 92 pontos, numa escala de 100, sendo que o mínimo para ser considerado especial é 80.

“Também fomos orientados a trabalhar com estufa, que é o terreiro coberto com lona, e com o terreiro suspenso, feito com sombrite elevado por madeiras. Além disso, mexemos os grãos de hora em hora. Os técnicos deram uma ajuda muito grande, nosso café melhorou demais. Se não fosse por eles, não teríamos vencido todos esses concursos”, explicou Altilina.


Afonso é só elogios para a esposa. “Ela é uma mulher guerreira, uma companheira que nos fortalece todos os dias. Deus abençoa quem trabalha o ano todo com dedicação, e ela é o exemplo disso”, disse Afonso Lacerda.

São João del Rei, Minas Gerais Foto: Arquivo pessoal

O café deles é premiado. O primeiro reconhecimento veio em 2012. Desde então, todo ano o Café Forquilha do Rio ganha concursos regionais e estaduais.

“Em 2016, ganhamos o COY [Coffee of The Year, concurso da Semana Internacional do Café] em primeiro lugar. Em 2019, ganhei com o café e como mulher empreendedora no Concurso de Qualidade dos Cafés da Emater; em 2024, ganhei novamente e ficamos em quarto lugar no COY”, elencou Altilina.

Mas não é só o café que faz sucesso. Eles decidiram abrir a Cafeteria Onofre, que surgiu na cozinha da fazenda.

“Em 2015, resolvi servir um cafezinho em casa, porque as pessoas vinham comprar café e queriam comer algo. Funcionamos de forma meio improvisada até 2018, mas o local já não comportava tanta gente”, relembrou Altilina.

Neste mês da mulher, ela é um exemplo da mulher do agro.

“Hoje, olho ao redor e penso ‘fui eu quem fez tudo isso?’. Precisamos acreditar mais na nossa capacidade; é ela quem nos leva a lugares inimagináveis”, concluiu Altilina.

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