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Capitólio: rocha tinha 1,2 bilhão de anos e 10 mil toneladas, diz geólogo

Segundo o professor da UnB Flávio Freitas, desabamentos são comuns em cânions, mas tragédia poderia ter sido evitada

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Bloco de pedra que caiu sobre turistas tinha aproximadamente 1,2 bilhão de anos
Bloco de pedra que caiu sobre turistas tinha aproximadamente 1,2 bilhão de anos Bloco de pedra que caiu sobre turistas tinha aproximadamente 1,2 bilhão de anos

O bloco de pedra de um cânion no lago de Furnas, em Capitólio (MG), que tombou em cima de quatro lanchas neste sábado (8) tinha 1,2 bilhão de anos e 10 mil toneladas, estima o geólogo Flávio Henrique Freitas e Silva. A queda do pedaço de rocha matou ao menos oito pessoas e deixou 27 feridas. O Corpo de Bombeiros ainda busca duas vítimas que estão desaparecidas.

De acordo com o especialista, que é professor da disciplina de formação de relevo e meio ambiente na UnB (Universidade de Brasília), os desmoronamentos de rochas são comuns nos cânions, mas a tragédia poderia ter sido evitada com o monitoramento geológico da área e a adoção de normas de segurança para o turismo.

“Aqueles paredões não estavam ameaçados nem tinham problemas mais sérios que fossem conhecidos. O que acontece é que os blocos são uma série de fraturas que desmoronam e que vão continuar desmoronando. É um processo natural, o relevo da terra e o curso dos rios são formados assim”, esclarece.

O professor explica que as rochas que formam os cânions de Capitólio surgiram em torno de 1,2 bilhão de anos atrás. O arenito que estava submerso sofreu uma série de alterações químicas ao longo do tempo e, entre 600 milhões e 680 milhões de anos atrás, passou por um evento de metamorfose conhecido como “deformação brasiliana”, que o transformou em quartzito, a rocha naturalmente fraturada que forma o cânion atualmente.

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Para o professor, nem mesmo as chuvas dos últimos dias ou a presença de pessoas na hora do tombamento foram responsáveis pela aceleração do processo natural de deslizamento das rochas. “A chuva se infiltra na rocha e faz com que ela fique mais pesada, mas a chuva faz parte do processo natural também. Aquilo ia desmoronar de uma maneira ou de outra, com ou sem pessoas no local; aconteceria porque é um processo que acontece com frequência no tempo geológico”, completa.

“Eles [os turistas] estavam no lugar errado e na hora errada. Foi uma fatalidade, mas que poderia ter sido evitada com algumas normas de segurança simples como, por exemplo, distância entre os barcos e os paredões. Acredito que, se essas normas fossem seguidas, até mesmo a lancha mais atingida teria tido tempo de escapar”, comenta.

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Rocha tomba em cima de lanchas

O paredão de cânions da lagoa de Furnas tombou na manhã deste sábado (8). Até as 13h deste domingo (9), o Corpo de Bombeiros havia confirmado oito mortos, três mulheres e cinco homens. Outras duas vítimas estão desaparecidas.

De acordo com a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais), os corpos das vítimas confirmadas pelos bombeiros foram enviados ao IML (Instituto Médico-Legal) de Passos. Todas estavam na mesma embarcação, denominada Jesus. A rocha que caiu atingiu pelo menos quatro lanchas (veja o momento do acidente).

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Outras 27 vítimas foram atendidas em unidades de saúde nas proximidades da atração turística e liberadas. Quatro pessoas ainda estão internadas, duas na Santa Casa de Piumhi, com fraturas expostas, e duas na Santa Casa de Passos.

Cerca de 50 militares, entre bombeiros e homens da Marinha, participam das operações de busca, que contam com 11 mergulhadores, quatro lanchas e três motos aquáticas. Outras sete viaturas apoiam os trabalhos. A Polícia Federal enviou uma equipe de papiloscopistas do Núcleo de Identificação para ajudar na identificação das vítimas.

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