Coronel da PM preso depõe na CPI da Câmara Legislativa do DF nesta quinta
Paulo José Bezerra, que deveria ter sido ouvido em junho, foi alvo de operação da PF em agosto por suspeita de omissão nos atos do 8/1
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O coronel Paulo José Ferreira Souza Bezerra, preso na operação da Polícia Federal no dia 18 de agosto por suspeita de omissão no 8 de Janeiro, presta depoimento nesta quinta-feira (21) à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ele deveria ter sido ouvido no dia 5 de junho, mas apresentou um atestado psiquiátrico, e o depoimento foi cancelado. O militar foi reconvocado após a operação da PF.
Em maio, a PF afirmou em um relatório que Bezerra agiu de forma omissa nos atos extremistas. Ele substituía o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de folga em 8 de janeiro. O relatório concluiu que faltou um plano operacional para impedir os ataques.
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"É verossímil acreditar que Paulo José agiu de forma omissa, frente aos crimes praticados no dia do evento, ao não elaborar o planejamento operacional do policiamento ostensivo do Distrito Federal", disse a Polícia Federal à época.
A PF analisou documentos encontrados na casa e no carro de Sousa Bezerra. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em inquérito sobre omisão de autoridades nos ataques. É a mesma ação na qual figuram o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres e o governador do DF, Ibaneis Rocha, além de policiais.
Afora o coronel, outros sete membros da cúpula de segurança do DF foram alvo da operação da PF. Cinco deles já foram ouvidos pela CPI, o coronel será o sexto.
Operação da PF
A operação da PF mirou a cúpula da Polícia Militar do DF por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Foram emitidos cinco mandados de prisão e dois de manutenção de prisão, pois o coronel Jorge Naime e o major Flávio Silvestre Alencar já estão presos.
Além do coronel Paulo José e do tenente Rafael Pereira, foram presos os coronéis Klepter Rosa Gonçalves e Fábio Augusto Vieira, ex-comandantes da PMDF, e Marcelo Casimiro, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF.
Relembre os depoimentos
O coronel Jorge Eduardo Naime prestou depoimento à CPI em março e afirmou que não teve acesso a relatórios de informações que mostrariam a gravidade dos atos de 8 de janeiro. Preso desde fevereiro, ele culpou a Inteligência do Governo do Distrito Federal pela falha na segurança.
O coronel Fábio Augusto Vieira foi ouvido pela CPI em maio e afirmou que nenhum planejamento operacional foi feito para o dia dos ataques. O coronel Casimiro, ouvido no dia 5 de junho, disse que faltaram efetivo e informações para que a polícia agisse nos atos e admitiu que os manifestantes foram mais eficientes que a PMDF.
Na semana seguinte, no dia 15, a CPI ouviu o coronel Klepter Rosa, que disse ter determinado a prisão de extremistas no 8 de Janeiro.
No começo de agosto, o major Flávio Silveira de Alencar negou à CPI que tenha dado ordem para que as tropas se desmobilizassem durante os atos. Ele foi preso em maio na Operação Lesa Pátria, que investiga o 8 de Janeiro.