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Generais, policiais e extremistas: relembre todos os depoimentos da CPI dos Atos Antidemocráticos

O relatório final da comissão da Câmara Legislativa do DF deve ser apresentado e votado na próxima quarta-feira 

Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

Relatório final deve ser apresentado na quarta-feira
Relatório final deve ser apresentado na quarta-feira

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal finalizou as oitivas e deve votar o relatório final na próxima quarta-feira (29). A comissão foi instalada em fevereiro, e o primeiro depoimento ocorreu no começo do mês seguinte. De março a novembro, foram ouvidas 31 pessoas. Veja a seguir a lista de todos os depoentes e o resumo do que foi dito.

2 de março: Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF durante os atos. Oliveira disse que um Plano de Ação Integrada havia sido construído em 6 de janeiro e determinava as atribuições de cada órgão, mas não foi cumprido. "Houve um erro de execução da PM. O Departamento de Operações da PM era o responsável e não foi realizado. Posteriormente, no relatório do interventor, ficou demonstrado que [nem] sequer havia um plano", afirmou.

9 de março: Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF. Alencar disse à CPI que as forças de segurança foram informadas sobre a vinda de cerca de 5.000 manifestantes a Brasília às vésperas dos atos extremistas. Segundo ela, as autoridades recebiam informações sobre os ânimos no acampamento, inclusive no dia da invasão, mas disse não poder opinar sobre a atuação e o efetivo usado pela PM do DF no dia dos atos extremistas.

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16 de março: coronel da PMDF Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento Operacional da corporação. Naime afirmou que a divisão não teve acesso a relatórios de informação que mostrariam a gravidade dos atos de vandalismo e que o Exército protegeu os vândalos após a invasão. "A Inteligência do Governo do Distrito Federal foi a responsável pela falha no dia 8 de janeiro", disse.


• 23 de março: Júlio Danilo de Souza Ferreira, ex-secretário de Segurança Pública do DF. Esteve na liderança da pasta entre março de 2021 e dezembro de 2022. Ferreira disse que não podia combater crimes no acampamento, por ser área militar, e que o governo do DF deu apoio na organização do trânsito, na limpeza e na segurança do local, incluindo o Corpo de Bombeiros Militar, a pedido do Exército.

• 30 de março: coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto, que coordenava os assuntos institucionais da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF. O coronel disse que não acreditava que tivesse havido um complô por parte da Polícia Militar. "O que eu posso dizer é que a inteligência atuou, não sei dizer quem falhou, mas a inteligência fez todo o trabalho necessário", alegou.

• 13 de abril: Joveci Xavier de Andrade, empresário suspeito de financiamento dos acampamentos. O dono de uma rede de mercados atacadistas negou ter financiado os acampamentos e disse que não participou da invasão das sedes dos Três Poderes.

• 27 de abril, coronel da PMDF Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF. Cíntia disse que o plano previu "todos os cenários possíveis" e que o erro teria sido na execução.

• 4 de maio: Adauto Lúcio de Mesquita, empresário e sócio de Joveci Xavier. Mesquita negou ter financiado os acampamentos, mas confirmou ter feito três doações: duas de R$ 100 e uma de R$ 1.000.

• 11 de maio: coronel da PMDF Fábio Augusto Vieira, o ex-comandante-geral da Polícia Militar. Vieira disse que não foi realizado nenhum planejamento operacional para o dia dos ataques.

• 18 de maio, general do Exército Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto. Dutra afirmou que Exército não protegeu e tentou "desmotivar o acampamento o tempo todo", mas que o este não foi tratado como ilegal pelas instituições. Disse também que o Exército não recebeu ordem judicial para retirar os extremistas.

• 1º de junho: general do Exército Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O general negou ter participado dos atos e disse que as narrativas sobre o papel do GSI são "fantasiosas". Disse também que não houve tentativa de golpe de Estado e que o uso do termo é exagerado.

• 5 de junho: coronel da PMDF Marcelo Casimiro, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional durante os atos. Casimiro disse que a PM não prendeu ninguém em 12 de dezembro durante ataques no centro da capital porque a corporação foi "pega de surpresa". Sobre o 8 de Janeiro, afirmou que o planejamento dos manifestantes para os atos foi mais eficiente que o da PM.

• 15 de junho, coronel da PMDF Klepter Rosa, comandante-geral da Polícia Militar. Rosa afirmou que a determinação de prisão dos extremistas foi dada por ele. "Entre agora e prenda todo mundo", teria dito.

• 22 de junho, general do Exército Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. GDias disse que atuou para proteger o gabinete presidencial e que estava desarmado e à paisana, pois "não esperava encontrar aquela situação".

• 29 de junho, Alan Diego dos Santos, preso por tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília. Disse que apenas transportou o explosivo até o local, mas não instalou. Afirmou também que tinha vindo ao Distrito Federal a passeio.

29 de junho, George Washington de Oliveira Sousa, preso por tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília. Não respondeu à maioria das perguntas

• 3 de agosto, major da PMDF Flávio Silvestre de Alencar, acusado de ordenar retirada das tropas dos arredores do Congresso. O major negou ter dado a ordem de retirada das tropas. Alencar afirmou que foi convocado verbalmente, sem ordem de serviço, para distribuir o policiamento no dia dos atos.

• 10 de agosto, Anderson Torres, ex-ministro de Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do DF. Torres acusou o Exército de não ter permitido a desmobilização de acampamentos extremistas, repetiu as afirmações feitas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional e se isentou de responsabilidade pelos atos do 8 de Janeiro. Também afirmou que nunca havia determinado ao ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques que interferisse no processo eleitoral.

• 17 de agosto, delegado Leonardo de Castro Cardoso, diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF. Cardoso afirmou que extremistas cogitaram colocar explosivos na Rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília.

• 24 de agosto, tentene-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid ficou em silêncio e não respondeu às perguntas dos deputados.

• 31 de agosto, José Acácio Serere Xavante, líder indígena. Xavante afirmou que não acredita nas urnas eletrônicas, mas acredita na Justiça.

• 31 de agosto, Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, suspeito de financiar os acampamentos extremistas. Andrade negou o depoimento que havia dado à Polícia Civil do DF e admitiu que frequentou os acampamentos e conheceu suas lideranças. 

• 4 de setembro: general do Exército Carlos José Penteado, ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Penteado disse que houve falha no fluxo de informação do GSI na prevenção dos atos e afirmou que os atos do 8 de Janeiro não teriam ocorrido se Gonçalves Dias tivesse compartilhado informações.

• 14 de setembro: Walter Delgatti Neto, hacker da Vaza Jato. Delgatti disse que, durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro, o Ministério da Defesa tentou conseguir uma urna eletrônica para que ele inserisse um código falso no sistema. O objetivo era que o código "corrompesse" uma urna.

• 21 de setembro: coronel da PMDF Paulo José Ferreira Souza Bezerra, acusado de omissão durante os atos. Bezerra negou participação nas reuniões para preparar as ações que seriam adotadas pelas forças de segurança durante os atos.

• 28 de setembro: Ana Priscila Azevedo, suposta organizadora dos atos. Ana afirmou que viu uma "polícia inerte, que não fez absolutamente nada" contra os extremistas e que ela apenas atendeu ao chamado dos militares.

• 5 de outubro: Wellington Macedo de Souza, blogueiro condenado por tentar explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília. Souza ficou em silêncio durante perguntas relacionadas ao ex-presidente Bolsonaro, a fake news sobre vacinação e a golpe de Estado.

• 9 de outubro: major do Exército José Eduardo Natale de Paula, filmado ao oferecer água a extremistas. Ele disse que tentou conter os vândalos e que parte deles parecia preparada para atos agressivos.

• 26 de outubro: Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Cunha contou que orientou servidores a enviar documentos em PDF ao GSI, para evitar alterações. Disse também que não houve falsificação, mas admitiu falhas da agência.

• 9 de novembro: major da PMDF Cláudio Mendes dos Santos, suspeito de ensinar táticas de guerrilha a extremistas. Santos negou a prática e disse que teria apenas dito aos manifestantes que se sentassem no chão e não se aproximassem da polícia caso houvesse uma ação para conter os atos. Também afirmou que eles teriam deixado o acampamento se Bolsonaro assim tivesse ordenado.

• 16 de novembro: coronel da PMDF Reginaldo Leitão, era chefe do Centro de Inteligência da PM durante os atos extremistas. Ele admitiu que houve "falha" da corporação no 8 de Janeiro.

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